Conviver com conflitos não costuma compor a lista das coisas mais desejáveis de alguém. Mas desenvolver estratégias de gestão para superá-los é algo que as empresas estão descobrindo, e que vem trazendo resultados positivos para a manutenção de um ambiente saudável na organização. Antes de tudo, porque dentro de uma empresa há diferentes relações. Além dos sócios, também há um convívio que envolve os colaboradores, prestadores de serviço, fornecedores de produtos e os clientes. Esses níveis de relacionamento criam cenários variados, com vínculos que podem ser de amizade ou até a partir de laços familiares. Ainda assim, os conflitos fazem parte da rotina.
A pesquisa Gestão dos Conflitos Organizacionais, elaborada pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), mostrou que 92% dos entrevistados afirmaram que os conflitos estão presentes no dia a dia das empresas. Os outros 8%, por sua vez, disseram que a frequência com que os atritos ocorrem não é significativa.
Um artigo intitulado Os desafios da gestão de conflitos nas relações de trabalho e publicado no ano passado na Revista Gestão e Secretariado apontou que as principais causas e origens dos conflitos no ambiente laboral são as diferenças de personalidade e o estilo de trabalho, a comunicação inadequada e sem clareza, diferenças de faixa etária e interesses conflitantes, falta de produtividade e comprometimento e rivalidade e falta de empatia entre colegas.
“Esses vínculos prévios não impedem a existência dos problemas. É importante repensar a alteração da cláusula de solução de conflitos “tradicional”, em que se elege o poder judiciário convencional, para incluir no contrato social da empresa a eleição de instrumentos como mediação e arbitragem”, recomenda Daniel Secches, da Unniversa Soluções de Conflitos, escritório que já reúne 20 anos de experiência em resoluções, utilizando diferentes métodos de diálogo.
Segundo Daniel Secches, o problema não é apenas a resolução em si, mas a incorporação de outros fatores que envolvem a necessidade de uma relação madura. “Há questões que são chave na resolução desses conflitos, como o sigilo, devido ao segredo dos negócios. Um contrato social adequado pode cuidar da preservação das relações pessoais e institucionais, e também fazer com que o foco do problema não prejudique a saúde do empreendimento”, orienta.
Já Camila Linhares, também da Unniversa, concorda. Ela lembra que uma empresa, ainda que tenha uma natureza de pessoa jurídica, é composta necessariamente por pessoas físicas. “Isto significa dizer que a empresa tem um objeto social, mas as pessoas que compõem esta sociedade possuem interesses pessoais, por vezes distintos, e, se estes não foram atingidos, consequentemente geram prejuízo para a relação empresarial”, alerta.
“Como as deliberações de uma sociedade passam por diversas formas de negociações, neste cenário o melhor caminho é uma política de ganha-ganha, em que seja definida a melhor escolha para o empreendimento e o interesse dos sócios, sem excluir a necessidade dos colaboradores”, sugere Camila Linhares. “Neste sentido, por exemplo, o uso da arbitragem no Brasil no contexto empresarial tem como vantagens a celeridade, a especialidade do julgador, a autonomia da vontade das partes, o sigilo, dentre outros benefícios”, enumera.
Daniel Secches conclui que, assim como são variados os tipos de conflitos vivenciados no contexto empresarial, também são muitos os métodos para solucionar cada tipo de caso. “Por isso, é importante diagnosticar cada litígio e identificar os desejos dos envolvidos para se encontrar a técnica mais ajustada de resolução. Há casos em que é necessário até se desenhar uma técnica, como no caso do Design de Solução de Disputas, em uma relação de adequação. Daí a importância de ter uma equipe especializada por trás”, finaliza.
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